terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Peregrinações - parte 1

As peregrinações foram e ainda são um fenómeno de grande expressão no turismo religioso.

No passado, tiveram grande influência no desenvolvimento histórico de todos os povos.

As peregrinações propiciaram o encontro de inúmeras culturas, o surgimento de grandes cidades, a edificação de vários monumentos, bem como a movimentação de população, que de forma individual ou organizada percorre roteiros de fé.

Para o turismo religioso a sua importância baseia-se em dois aspetos: histórico e atual.

Historicamente, as peregrinações formaram, juntamente com os destinos balneares, os primórdios do turismo.

Atualmente, a sua relevância deve-se à dimensão do fenómeno.

Existem vários milhões de pessoas que se deslocam todos os anos em direção a locais sagrados.
Todo o homem é um ser em caminho.

Esta sua característica exprime-se e alimenta-se quer na viagem existencial de cada pessoa, que percorre um itinerário ao longo do seu tempo de vida com todas as vicissitudes que o marcam, quer nas múltiplas viagens que ela realiza pelas estradas do mundo, por necessidades e interesses vários.

Normalmente, os santuários são a meta das peregrinações religiosas.

Eles surgem na sequência de alguma manifestação sobrenatural, como no caso de Fátima, ou resultam da iniciativa de homens fiéis, que quiseram consagrar a Deus, a Nossa Senhora ou a algum santo da sua devoção um determinado lugar, com a finalidade de aí prestar culto e invocar graças.

A viagem para os santuários pode ser feita de várias formas sendo que uma das mais comuns é a excursão, marcada também pela experiência da confraternização com os outros peregrinos, e pela festa.


As origens das peregrinações  


O termo peregrinar vem do latim peregrinare que significa ir a lugares santos ou de devoção com o objetivo de venerar o lugar visitado, pedir por ajuda ou cumprir obrigações religiosas.

A história deste fenómeno é muito antiga e confunde-se com a própria história das crenças e religiões.

Com o surgimento das religiões monoteístas as peregrinações tiveram grande impulso.

Aumentaram em número e mudaram-se os objetivos.

Realizavam-se com o interesse de visitar e venerar os locais ligados ao nascimento, vida e morte dos respetivos deuses e profetas.

No cristianismo, esta expressão obteve seu ápice com o surgimento de milhares de santos, que por sua vez formaram novos centros de peregrinações.

Outro facto que contribuiu para a popularização destas jornadas foi a ligação feita pela Igreja católica entre peregrinação e penitência.

Muitos peregrinos começaram a entender esta como um meio de salvação dos seus pecados.

Durante a Idade Média, as peregrinações tiveram grande importância na Europa.

Em nome delas, inúmeras estradas foram abertas, muitos hospitais (que na época eram um misto de hotel e casa de saúde - albergues) foram construídos.

Os destinos eram essencialmente três: Jerusalém (Terra Santa), Roma (Terra do máximo representante de Deus na terra- o Papa) e Santiago de Compostela (onde foi encontrado o corpo do Apóstolo – Santiago).

As cruzadas cristãs talvez tenham sido dos movimentos mais notáveis que, a princípio, foram feitas em favor das peregrinações.

Exerceram grande influência cultural, colocando em contato diferentes povos.

Logo, as peregrinações foram, durante este período, um dos fenómenos mais dinâmicos e influentes no mundo, até então conhecido.

No final da Idade Média, começaram a ser aIvo de especulação e corrupção, bem como todo o corpo eclesiástico.

A Reforma também teve a sua taxa de contribuição para a decadência desta expressão no mundo cristão.

O número de pessoas a realizarem peregrinações diminui em toda a Europa.

Este conjunto de mudanças no plano religioso, aliado a outras nos planos político, económico, social e cultural, fez com que as peregrinações perdessem o papel de grande relevância na formação do mundo ocidental.

Com o advento dos meios de transporte modernos as peregrinações sofreram uma drástica diminuição na sua duração.

Com isso, voltaram a crescer em número, sem recuperar, porém, a expressão de outrora.

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