São Leonardo de Galafura é um dos mais enigmáticos miradouros da região douriense. Daqui podemos admirar o vale do Douro em todo o seu esplendor. A beleza do local tem encantado as pessoas e inspirado os poetas.
Miguel Torga nascido numa região vizinha, na aldeia de São Martinho de Anta ( Vila Real) , era contemplador assíduo das água do douro que correm lentamente lá no fundo.
Em 8 de Abril de 1977, Torga inspirado pelo Douro, faz-lhe uma das mais belas homenagens… um poema, que hoje se encontra eternizado num azulejo logo que se chega ao miradouro, e que diz:
S. Leonardo de Galafura, 8 de Abril de 1977
«O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta».
Miguel Torga in “Diário XII”
A sua admiração por esta fantástica paisagem está também expressa num poema, colocada sobre um azulejo na parte de trás de uma pequena capela, dedicada a S. Leonardo, que compõe o miradouro.
À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em drecção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em drecção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
Acrescente-se a este magnifica contexto que conjuga a paisagem e as palavras, a lenda. Que a sabedoria popular sempre cria, na presença de sítios encantadores tenta que sejam encantados.
Reza a lenda que no monte de S. Leonardo existe uma gruta guardada por dois horrendos dragões, onde vive D. Mirra, uma bela moura encantada, que espera desesperadamente por um jovem que resolva enfrentar os dragões, pois só assim se quebrará o encanto, e surgirá um luxuoso palácio subterrâneo.
Venha com a TUREL Viagens descobrir os encantos do Douro.
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