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quinta-feira, 19 de junho de 2014

S. João de Braga # 2

Uma das traições mais antigas e singulares das festas do S. João em Braga é sem dúvida o quadro do Rei David e dos Pastores, que desfilam pelas ruas das cidades no dia do nascimento de S. João.
 
Na frente do desfile vai o Carro das Ervas, uma  memória das procissões medievais que exigiam este tipo de carros de cheiro, para abrir o cortejo despejando as ervas para perfumar as ruas.
A dança do Rei David, reformulada no século XIX, deriva provavelmente da Mourisca, uma dança associada à procissão do Corpo de Deus.
 
O carro dos Pastores é um típico auto barroco que recorda o nascimento de S. João Batista.
" Do Baptista o Nascimento, neste dia recordamos..
Justos votos de alegria..."
Este auto é recriado por crianças, que vão adorar o Santo Percursor, depois das preces de Isabel e Zacarias aos Anjos, a pedirem um filho.

As suas preces vão ser atendidas, apesar das dúvidas de Zacarias " Homem sem fé" responde-lhe o anjo ao  vê-lo duvidar. E assim surge no auto, um pequenino S. João, que será o Percursor de Jesus.
Note-se que S. João é o único santo da história da igreja em que se celebra o dia do seu nascimento e não da sua morte.
Em Braga esta celebração congrega várias tradições em que o religioso se mistura com ritos antigos e com as típicas romarias minhotas.
Uma festa com muitos dias de animação a não perder.  Conheça Braga com a TUREL e desfrute destes dias únicos.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Maravilhas do Douro # Museu do Douro - Régua

 
Museu do Douro, situado na Régua, foi concebido como um museu de território, polivalente e polinuclear, vocacionado para reunir, conservar, identificar e divulgar o vastíssimo património museológico e documental disperso pela região, devendo constituir um instrumento ao serviço do desenvolvimento sociocultural da Região Demarcada do Douro. Numa perspetiva de "museologia de comunidade", o Museu do Douro assume-se como processo cujo desenvolvimento deverá envolver a colaboração ativa com as instituições locais, regionais e internacionais.
A gestão do Museu do Douro é da responsabilidade da Fundação Museu do Douro, criada pelo Dec. Lei 70/2006, instituindo-a como pessoa coletiva de direito privado e utilidade pública. A Fundação Museu do Douro tem como fim a instalação, manutenção e a gestão do Museu do Douro.
 
No cumprimento da sua missão o Museu do Douro preserva, estuda, expõe e interpreta objetos materiais e imateriais representativos da identidade, da cultura, da história e do desenvolvimento do Douro, independentemente da época histórica, de vários tipos e fabricos, com especial incidência nos elementos associados à vitivinicultura, atividade central no Douro.
O Museu do Douro assume o papel que lhe cabe na formação de valores culturais, em articulação ativa com os demais agentes e instituições, promovendo não só uma função educacional de divulgação e contextualização da cultura e história da região mas, sobretudo, proporcionando experiências capazes de motivar a participação e o envolvimento ativo da comunidade.
Como determinado pela lei da sua criação, o edifício sede do Museu do Douro situa-se na cidade de Peso da Régua, resultado da obra de reabilitação do emblemático edifício da antiga “Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro Vinhateiro”, inaugurado a 20 de Dezembro de 2008

 

terça-feira, 13 de maio de 2014

Maravilhas do Douro # S. Salvador do Mundo

No concelho de S. João da Pesqueira encontra-se um belíssima paisagem natural da qual faz parte o monte de S. Salvador do Mundo, que se situa a 711m de altitude e dispõe, provavelmente, da paisagem mais deslumbrante do Douro, que nos permite admirar a parte do vale ( com as suas famosas e distintas quintas, dos quais se retira o néctar que formou e tornou este vale tão formoso e famoso), o leito do rio Douro, a barragem da Valeira e o antigo cachão, onde faleceu o marido da "Dona Ferreirinha".
Reza a lenda que em 1861, o barco que transportava o Barão de Forester voltou-se no cachão da Valeira. O barão acabou por ser arrastado para o fundo do rio Douro, por causa do conto de dinheiro carregado de dinheiro. D. Antónia também ia no barco mas graças às suas vestes, que a fizeram flutuar nas aguas do rio, salvou-se.  Hoje em dia depois das construções das barragens, o cachão da Valeira, o rio Douro já não constitui o perigo de outrora para os navegadores.
No monte de S. Salvador criou-se uma réplica da paixão de Cristo por iniciativa de Frei Gaspar da Piedade, que após uma viagem aos locais sagrados de Roma e Jerusalém, escapou milagrosamente a um naufrágio e decidiu edificar neste monte ermo, sobranceiro ao ponto mais perigoso do rio Douro, uma reprodução do calvário.
Venha conhecer esta e outras histórias numa viagem com a TUREL Viagens.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

si fueres Romae, Romano vivito more*

Braga está preste a receber mais uma edição da Braga Romana, no ano em que decorrem 2000 anos sobre a morte do seu fundador, Gaios lulius Caeser Octavianus Agustus ( 63 a. C - 14 d. C ) , mais conhecido por Augusto, o imperador de Roma que, segundo reza a história, faleceu a 19 de Agosto ( Augustos) do ano 14 depois de Cristo.
O evento Braga Romana tem o propósito de comemorar os primeiros tempos de vida daquela que foi a opulenta  Cidade Bracara de Augustos.
Bracara Augusta deve o seu nome de Bracara ao povo indígena que ocupava o território, e ao epíteto de Augusta, em homenagem ao Imperador Diocleciano, a capital da nova província da Galécia.
A recriação histórica "Braga Romana" pretende recriar o universo romano, em particular dos denominados Bracaraugustanos.
Bracara Augusta conserva um património impar, sobre o legado da presença romana na cidade como:
- as termas do Alto da Cividade;
- domus da escola velha da Sé;
- domus do seminário de Santiago;
- domus das Frigideiras do Cantinho;
- fonte do Ídolo;
- museu D. Diogo de Sousa, que guarda o grande espólio de achados arqueológicos ;
- balneário pré-romano na Estação Caminhos de Ferro;
- entre outros.
 
No espaço da" Braga Romana" é possível encontrar vários espaços desde a área pedagógica ( Quadratum Paedagogico), passando pelo Acampamento Militar ( Castra Leg. VI Victrix), Termas e Estética ( Quadrutum SPA), até ao Mercado Romano e a Área de Alimentação.
No programa da " Braga Romana" destacam-se os espetáculos de recriação como lutas de gladiadores, rituais a deuses romanos, casamento romano e o grande cortejo triunfal de Bracara Augusta pelas ruas do centro da cidade, composto por milhares de figurantes rigorosamente trajados à época.
Está é sem dúvida uma excelente opurtunidade para conhecer Braga no seu esplendor romano.
Conheça o programa da TUREL Viagens para dois dias e certamente irá regressar.
 
* Em Roma, sê Romano

terça-feira, 29 de abril de 2014

Maravilhas do Douro # Galafura

 
São Leonardo de Galafura é um dos mais enigmáticos miradouros da região douriense. Daqui podemos admirar o vale do Douro em todo o seu esplendor. A beleza do local tem encantado as pessoas e inspirado os poetas.
Miguel Torga nascido numa região vizinha, na aldeia de São Martinho de Anta ( Vila Real) , era contemplador assíduo das água do  douro que correm lentamente lá no fundo.
 Em 8 de Abril de 1977, Torga inspirado pelo Douro, faz-lhe uma das mais belas homenagens… um poema, que hoje se encontra eternizado num azulejo logo que se chega ao miradouro, e que diz:
S. Leonardo de Galafura, 8 de Abril de 1977
 
«O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta».

Miguel Torga in “Diário XII”


A sua admiração por esta fantástica paisagem está também expressa num poema, colocada sobre um azulejo na parte de trás de uma pequena capela, dedicada a S.  Leonardo, que compõe o miradouro.

À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em drecção ao cais divino.
 
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
 
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
 

 
Acrescente-se a este magnifica contexto que conjuga a paisagem e as palavras, a lenda. Que a sabedoria popular sempre cria, na presença  de sítios encantadores tenta que sejam encantados.
Reza a lenda que no monte de S. Leonardo existe uma gruta guardada por dois horrendos dragões, onde vive D. Mirra, uma bela moura encantada, que espera desesperadamente por um jovem que resolva enfrentar os dragões, pois só assim se quebrará o encanto, e surgirá um luxuoso palácio subterrâneo.
Venha com a TUREL Viagens descobrir os encantos do Douro.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Farricoco da Semana Santa de Braga

O farricoco era, no passado, uma forma dos fiéis cristãos bracarenses se penitenciarem dos seus pecados, propondo-se caminhar descalços e incógnitos nas procissões que percorriam a cidade.
 O confessor dava a penitência durante a confissão e os fiéis cumpriam à risca tal preceito.
 Ajudavam a iluminar as ruas durante os préstitos e a chamar os fiéis às celebrações com o auxílio das matracas, dado que os tilintar dos sinos era proibido durante este tempo especial. O som estridente das matracas, com o seu ruge-ruge era também sinal de penitência...
Entretanto, os farricocos foram-se aproveitando do seu anonimato para denunciar publicamente os pecados daqueles que não faziam penitência. O ambiente era, por isso, temeroso, e algumas pessoas recusavam vir às janelas, não fosse cair-lhes em cima alguma acusação.
Hoje, as procissões já quase não servem para penitências, mas o farricoco mantém-se como figurante primordial.
 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Semana Santa em Braga

Esta festa religiosa abarca o período que vai da Quarta-Feira de Cinzas até ao Dia de Páscoa.
As solenidades da semana santa, em Braga, são, para além de uma manifestação religiosa, um fenómeno de turismo religioso.
A celebração completa da semana santa integra um conjunto de actos religiosos, celebrações eucarísticas, a imposição das cinzas, o lausperene quaresmal, a Via Sacra, a procissão da penitência, a procissão dos passos, a procissão dos fogaréus, a procissão teofórica do enterro, a procissão da burrinha, a vigília pascal, concertos, exposições que constituem um dos cartazes turísticos mais importantes de Portugal.
Com tradições que remontam aos primórdios do século, a Semana Santa em Braga é o expoente máximo das solenidades pascais do país e do norte da Península Ibérica.
 Durante uma semana, a cidade de Braga acolhe milhares de peregrinos oriundos de todo o país e da vizinha Galiza, para participar numa das manifestações que constitui um dos mais notáveis cartazes do turismo religioso.
Os archotes, as velas e os milhares de pessoas que se dispõem ao longo das ruas para ver passar as procissões, em especial as do Senhor Ecce-Homo e do Enterro do Senhor, configuram um quadro ímpar das festividades e transmitem uma tradição enraizado num ritual dominado pelo conjunto de procissões nocturnas envoltas numa forte intensidade dramática.
A Procissão do Senhor Ecce-Homo, tem lugar na noite de Quinta-Feira Santa. Com origens na visita que outrora se efectuava às sete igrejas, inspirada nas Sete Estações Romanas, que, como reza o Compromisso Cerimonial da Santa Casa da Misericórdia de Braga, reflectia «a penitência aos fiéis cristãos que reconheceram os seus pecados».
No dia seguinte, na Sexta-Feira Santa, é a vez de se realizar a procissão do Enterro do Senhor. Este cortejo religioso é o mais solene de todos os que na Semana Santa se organizam. Os mesários e irmãos da Misericórdia e Santa Cruz, encapuzados, as varas a rasto, os Reverendo Cónegos com os mantos e varas arrastados pelos lajedos, os figurados, também arrastando as cruzes, como os pendões, bandeiras das congregações, juizes com varas, provocam como que um gemido de consternação. De longe a longe, este sussurro é quebrado pelo som entoado por uma personagem que segue o Esquife do Senhor: (Ai! Ai! Senhor Salvador Nosso!).
O rugir das matracas dos faricocos, o bater das varas dos irmãos da misericórdia que se ouvem na procissão da Quirita-Feira Santa, dão lugar a um silêncio avassalador na procissão do Enterro do Senhor. O cortejo religioso sai da Sé Catedral, a onde regressa depois de percorrer as principais artérias do centro da cidade.
A Procissão da Burrinha ou Procissão das Dores representa a «fuga» da Sagrada Família para o Egipto, com Nossa Senhora sentada numa burrinha e o menino ao colo.
 
 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O Pio Latrocínio

Uma lenda prodigiosa com origem em escritos de Atanásio de Saragoça coloca Braga em primeiro lugar na rota das pregações de S. Tiago aos povos das Espanhas e atribui ao apóstolo a ressuscitação do “primeiro” bispo bracarense, S. Pedro de Rates.
Apesar de estar pouco difundida pelo mundo católico, a lenda do milagre de S. Tiago em Braga retira peso à de Compostela, por ser a história surpreendente da única ressuscitação do apóstolo durante a sua lendária digressão pelas Espanhas. Faz parte de “uns fragmentos” de obras atribuídas a Santo Atanásio, “primeiro bispo” de Saragoça e “discípulo” de Santiago.
 Esses fragmentos foram descobertos em livrarias monásticas da Sardenha e de Aragão, há quase quatro séculos, pelo padre jesuíta Bartolomeu André de Olivença, lente de Teologia no Colégio de Alcalá, por informação em 1635 do arcebispo de Braga, D. Rodrigo da Cunha.
 O fabuloso relato só não catapultou Braga para centro das peregrinações europeias em torno do apóstolo porque, ao longo dos tempos, a igreja compostelana procurou ofuscá-lo. Apesar de ter surgido 900 anos após a fundação de Bracara Augusta, Compostela acabou por trocar as voltas a Braga ao disputar-lhe a primazia já no século XII. Em 1102, o bispo compostelano Diogo Gelmires levou de Braga, pela calada da noite, qual salteador, as relíquias do bispo bracarense S. Frutuoso e dos mártires S. Silvestre, S. Cucufate e Santa Susana.
tal atitude não punha problemas morais e era bastante frequente entre monges, sacerdotes, e como nesta caso comprova Bispos, durante a idade média. A justificação de D. Diego Gelmires para o seu ato, era que desta forma as relíquias recebiam a " devida adoração" em Compostela.
No dia 1 de Abril de 1103, S. Geraldo, arcebispo de Braga, estava em Roma para se queixar desse acto extorsivo de Compostela, regressando de lá com poderes eclesiásticos acrescidos sobre as Espanhas. Porém, o “roubo” de Diego Gelmires ou “Pio Latrocínio”, como lhe chamou eufemisticamente a Igreja compostelana, só foi reparado oito séculos mais tarde: as relíquias de S. Frutuoso foram devolvidas a Braga em 1966 e as dos mártires referidos em 1993.
Nos nossos dias as relíquias de santos já não são motivo principal de visita, mas as igrejas e catedrais que as albergam, bem como os caminhos de peregrinação, merecem sem sombra de dúvida uma visita pelos monumentos e pela história. Faça-a connosco www.turelviagens.com

quinta-feira, 27 de março de 2014

Os Trípticos

*Altar de Ghent " Adoração do Cordeiro Místico" Jan Van Eyek
Os trípticos surgem na Idade Média numa altura em que a crise económica se acentuava e se torna insuportável a construção de grandes edifícios. Os trípticos são a solução para decorar um altar ou catequizar os cristãos com histórias que as imagens contavam ( geralmente divididas em 3 painéis). Os temas mais frequentes são passagens bíblicas, como é o caso do * Altar de Ghent (em que o tema central é a adoração do cordeiro místico, mas onde estão também representados adão e eva, a anunciação, profetas, figuras da igreja, anjos e ainda os retratos de quem encomendou a obra divididos por 12 painéis).
A grande vantagem dos trípticos ou dípticos é a facilidade com que se podem transportar. Apesar de ser mais frequente em pintura, há alguns exemplares em que uma escultura se abre em 3 painéis que contam uma história ou um dogma de fé.
A igreja não foi a única a utilizar esta solução de arte portátil. Muitas famílias mais abastadas optam por um tríptico ou díptico para ornamentar um altar privado em casa ou capelas.
Portugal tem um precioso exemplar de um tríptico que  representa episódios do nascimento de Jesus Cristo. O valioso tríptico foi oferecido por D. João I - Mestre de Avis, à Colegiada de Guimarães para agradecer a vitória da Batalha de Aljubarrota e a intercessão de Nossa Senhora da Oliveira. O Tríptico fazia parte do espólio do rei D. João I de  Castela que o deixou para trás após a perda da batalha.
Hoje pode ser visitado no Museu Alberto Sampaio em Guimarães.  
O painel retangular com três partes representando cinco episódios do nascimento de Jesus : ao centro o nascimento, do lado esquerdo a Anunciação e Apresentação do Menino no templo. do lado direito, a Anunciação aos pastores e a Epifania.  
 
Tríptico da Natividade - peça de ourivesaria em prata dourada
 

quarta-feira, 26 de março de 2014

Na Senda de S. Bento # S. Martinho de Tibães

quinta-feira, 20 de março de 2014

Na Senda de S. Bento # Mosteiro de Santo André de Rendufe

  A história do mosteiro beneditino de Rendufe remonta à época do Conde D. Henrique e, muito embora se desconheça a data da sua fundação, eventualmente devida a Egas Pais de Penegate, é possível que tenha ocorrido pouco antes de 1090, pois em Dezembro desse ano o seu abade figura num julgamento (MATTOSO, 1971, p. 13). De acordo com uma inscrição existente no pavimento, junto ao arco do cruzeiro, a igreja já se encontrava concluída em 1151 (SOUSA, 1979, p. 29). Durante a Idade Média foi um mosteiro bastante rico e com um amplo domínio mas, à semelhança do que aconteceu em boa parte das casas conventuais do nosso país, experimentou um forte abalo em consequência da gestão ruinosa dos abades comendatários e, anteriormente, das questões levantadas entre o mosteiro, o arcebispo e a família patronal dos Vasconcelos (SOUSA, 1979, p. 30). Essas questões conduziram mesmo à sua extinção e pronta restauração, em 1401.

 A grande reforma da primitiva igreja deveu-se à iniciativa (ao que se pensa forçada pelo Arcebispo) do último comendatário - D. Henrique de Sousa (descendente do cardeal Alpedrinha), que em 1551 reedificou o mosteiro. O templo passou, então, a possuir três naves com capelas laterais. Esta campanha de obras permitiu que a igreja se mantivesse até ao século XVIII, não se integrando no conjunto de mosteiros remodelados depois da criação da Congregação beneditina, em 1567.

 Os reflexos do final do regime comendatário fizeram-se sentir ao longo do século XVII, através de várias obras que denunciam um desejo de remodelação e atualização estética, consumado na centúria seguinte. Assim, poderíamos citar, entre as mais significativas, a fachada da portaria, que ostenta a data de 1638, e que segue modelos quinhentistas divulgados no tratado de Sebastião Serlio (SMITH, 1969, pp. 9 e 10). O texto da nave foi forrado por duas vezes, e na sacristia registam-se móveis novos, executados por Agostinho Marques, de Braga, em 1697 (IDEM, p. 5).
É, no entanto, durante o primeiro quartel do século XVIII que se assiste a uma constante atividade construtiva, responsável pela reforma integral da igreja, e demais dependências conventuais, grande parte das quais, infelizmente, desaparecida no incêndio de 1877. A existência de registos periódicos, os chamados Estados de Tibães, permite acompanhar as obras, triénio a triénio. Assim, entre 1716 e 1719 levantou-se a nova igreja, de planta em cruz latina, com nave única coberta por abóbada de berço e dois altares laterais, transepto, altares colaterais e capela-mor de grandes dimensões, num traçado que obedece à generalidade das plantas beneditinas da época (IDEM, p. 12). A fachada, por sua vez, afasta-se dos modelos empregues anteriormente, ao apresentar um portal central, a que se sobrepõem três nichos com as imagens de Santo António, São Bento e Santa Escolástica (as atuais são de época posterior), e três janelas ovais. No interior, o arco da tribuna e a nova abóbada da capela-mor são de 1725-28. A talha foi executada entre 1719 e 1725, e dourada entre 1725 e 1728, continuando depois, em 1752-1755. É de estilo nacional, filiando-se o retábulo da capela-mor no de São Bento da Vitória, no Porto, razão pela qual Roberth Smith atribui a sua autoria ao do entalhador da igreja portuense, Gabriel Rodrigues. Situação semelhante verifica-se ao nível do cadeiral do coro (1722), embora o de Rendufe apresente telas e não relevos. A talha das bancadas da capela-mor pode ser cotejada com a de Tibães (atr. A Frei José António Vilaça) que, tal como a das janelas, é já rococó (IDEM, p. 27).
Por sua vez, a biblioteca foi edificada no triénio de 1716-19, tal como o claustro, do qual apenas subsistem as ruínas com arcadas de capitéis toscanos. O novo dormitório remonta a 1728-31. Uma das últimas obras, mas de grande significado, por obedecer a novas directivas que visavam retirar o Santíssimo Sacramento da capela-mor, foi a edificação da capela do Sacramento, em 1777-80, numa linguagem pombalina. (RC)
 

terça-feira, 18 de março de 2014

Na Senda de S.Bento

Na semana em que decorrerá o Congresso de S. Bento, o Alforge de Viagem percorre os Mosteiros Beneditinos do Norte de Portugal.
 Na Senda de S. Bento é a proposta da TUREL Viagens, para quem quiser conhecer, mais profundamente, o legado beneditino. Junta-te a nós.
Aqui no Alforge a visita começa em Santa Maria de Bouro.

Na Senda de S.Bento # Santa Maria de Bouro

A Igreja e o Mosteiro de Santa Maria de Bouro, erguidos sobre o Antigo Mosteiro de S. Bernardo, foram completamente remodelados sobre a arquitetura barroca no século XVIII.
O antigo Mosteiro de S. Bernardo era uma Abadia Cistercience fundada em 1148. A Ordem de Cister era uma ordem de origem francesa que tinha como finalidade a simplicidade e o puritanismo. Daí que todos os Mosteiros tivessem de ser edificados em locais desertos devido ao respeito e ao silêncio. A escolha do local da construção do mosteiro também foi importante, pois era necessário que a terra fosse fértil e que tivesse água por perto, pois a rígida clausura a que remetiam os monges, fez com que o mosteiro tivesse de ser auto-suficiente. Era indispensável estar afastado de qualquer localidade ou castelo.
 Para a sua sobrevivência, continham necessariamente: o moinho, forjas, celeiro e oficinas. A austeridade, o acetismo, o silêncio e abstinência eram princípios fundamentais e os monges desta Ordem vestiam hábitos de castanho e tinham barba. Este Mosteiro foi erguido em nome de S. Bento e de S. Bernardo porque foram os dois monges fundadores desta Ordem.
A cabeça desta Ordem em Portugal era o mosteiro de Alcobaça que foi fundado em 1153.
A lenda:
O mosteiro de Santa Maria de Bouro está envolvido numa lenda. Na ocupação muçulmana do século VIII, dois eremitas presenciaram várias luzes à noite numa rocha. Foram ver do que se tratava e encontraram uma bela imagem da Virgem Maria com o seu Menino Jesus ao colo. Para a sua adoração, decidiram construir uma ermida para albergar a imagem. Este mistério atraiu imensos peregrinos e foi mais tarde construída uma Abadia e a própria Igreja e Mosteiro de Santa Maria de Bouro. Em 1162, existia neste local um pequeno grupo de eremitas, segundo um documento da chancelaria de D. Afonso Henriques. Este grupo de homens vai agrupar-se segundo a Regra de S. Bento em 1182, e antes do final do século, este mosteiro vai filiar-se na Ordem de Cister.
Durante a crise de 1383-85 o abade do mosteiro juntou 600 homens em defesa da fronteira da Portela do Homem, conseguindo suster o avanço das tropas galegas. Como reconhecimento pelo seu papel D. Nuno Álvares Pereira agraciou o abade com o título de Capitão-Mor e Guarda das Fronteiras dando-lhe a prerrogativa de poder levantar exército, sempre que considerasse necessário.
Invocando as suas origens, a fachada da igreja, sujeita a profundas remodelações, exibe as imagens de São Bernardo e São Bento com a virgem ao centro.
 Por sua vez na fachada do convento que se desenvolve perpendicularmente à igreja, encontram-se entre as varandas superiores cinco estátuas de personagens importantes na história do país e do próprio convento, com pequenas inscrições anexas: o conde D. Henrique (supõe-se que o seja apesar de ser designado ALFONSUS em vez de HENRICUS), D. Afonso Henriques (sob o reinado do qual foi fundado o mosteiro, diz a inscrição), D. Sebastião (que suprimiu a comenda do convento), o cardeal D. Henrique (que fundou a Congregação Autónoma), e D. João IV (o restaurador da monarquia portuguesa).
 No início do século XVIII, foi construído um novo refeitório e cozinha, bem como uma nova ala a oeste do claustro, tendo sido para aí transferido o novo acesso ao mosteiro. Em 1834 com a extinção das ordens religiosas masculinas o mosteiro foi abandonado vindo depois a ser vendido em hasta pública a particulares. Em 1986 parte do mosteiro é adquirida pela Câmara Municipal de Amares (por 200 contos). Em 1989 é apresentado o projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura para adaptação a Pousada das dependências do mosteiro, cujas obras se iniciariam em 1994 sendo a pousada inaugurada em 1997.
 

 
 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O que é o Turismo Cultural?

O turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas com a vivência do conjunto de elementos significativos do património histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

A Organização Mundial de Turismo desenvolveu uma definição de turismo cultural, que abarca “movimento de pessoas essencialmente por motivos culturais, incluindo visitas de grupo, visitas e roteiros culturais, viagens a festivais, visitas a sítios históricos e monumentos, folclore e peregrinação”.

O aspeto central nessa definição é que o turismo cultural envolve “essencialmente motivações culturais”.

Entende-se que na atualidade o turismo cultural não deve ser apenas a exploração e valorização da cultura do património material como edifícios, sítios e monumentos históricos mas também produtos e serviços que incluam a gastronomia, folclore, atrações populares, e artesanato.

Quais as origens do Turismo Cultural? 


O que define o turismo cultural é a motivação da viagem em torno de temas da cultura.

As viagens de interesse cultural nasceram na Europa sob a égide do renascimento italiano, quando a aristocracia se deslocava de férias, interessada em conhecer os sítios históricos e arqueológicos que inspiraram artistas como Michelangelo e Da Vinci e depois às próprias cidades que foram o berço do movimento artístico.

Inspirado pelas viagens do período renascentista nasceu a grand tour, que consistia numa longa temporada em diferentes cidades europeias consideradas como o berço da civilização ocidental e que podiam durar anos.

O público da grand tour eram os aristocratas, nobres e burgueses da própria Europa e também das Américas, pessoas que tinham disponibilidade de tempo e recursos para investir nessas viagens culturais.

Um dos aspetos mais interessantes do grand tour era exatamente a sua forma convencional e regular, considerada como uma experiência educacional, um atributo de civilização e de formação do gosto.

Não havia ainda o mercado turístico tal como conhecemos nos dias atuais, uma cadeia produtiva organizada, com todos os serviços e produtos.

Isso só se concretizou séculos depois.

Mas encontramos no grand tour o embrião do turismo cultural, em que a principal motivação de viagem envolve algum aspeto de cultura.

Desses primórdios até a atualidade, a cultura continua a ser uma das principais motivações das viagens em todo o mundo e durante muito tempo os destinos eram exclusivamente os grandes conjuntos arquitetónicos, os museus e os lugares que abrigavam os tesouros materiais de culturas passadas.

Com o tempo, modificou-se o próprio conceito de cultura, ampliou-se os limites do que os estudiosos e as instituições responsáveis pelas iniciativas de preservação entendiam como património cultural. 

Turismo Cultural na atualidade


O turismo cultural movimenta 44 milhões de turistas, que procuram turismo cultural na Europa.

O património cultural motiva a viagem e, por isso, aproxima civilizações.

Através deste segmento de turismo fomenta-se a preservação do património bem como a sua dinamização por forma a criar um ambiente único e uma experiência autêntica.

O turismo cultural motivado pela visita e conhecimento do património histórico proporciona o diálogo com a criação contemporânea.

O tipo de turista deste segmento cultural procura singularidade, tradição aliada à contemporaneidade nos recursos, nas infraestruturas e nos serviços e envolvimento pessoal com as pessoas e cultura locais.

O Turismo Cultural em Portugal 


Existe em Portugal uma diversidade patrimonial extraordinária.

Sendo Portugal um pais que a acolheu vários povos com as suas culturas, ao longo de centenas de anos, é pois natural que tendências várias de expressão e propostas estéticas se manifestem nos tesouros arquitetónicos, civis, religiosos e militares, representados em vários roteiros um pouco por todo o país.

Os principais países emissores de turistas culturais são: Espanha, França, Reino Unido, Escandinávia e Alemanha.

Portugal tem todo o tipo de atrações culturais que convidam a umas férias ou fim-de-semana na experiência do turismo cultural