A
Igreja e o Mosteiro de Santa Maria de Bouro, erguidos sobre o Antigo Mosteiro de
S. Bernardo, foram completamente remodelados sobre a arquitetura barroca no
século XVIII.
O antigo
Mosteiro de S. Bernardo era uma Abadia Cistercience fundada em 1148. A Ordem de Cister era
uma ordem de origem francesa que tinha como finalidade a simplicidade e o
puritanismo. Daí que todos os Mosteiros tivessem de ser edificados em locais
desertos devido ao respeito e ao silêncio. A escolha do local da construção do
mosteiro também foi importante, pois era necessário que a terra fosse fértil e
que tivesse água por perto, pois a rígida clausura a que remetiam os monges,
fez com que o mosteiro tivesse de ser auto-suficiente. Era indispensável estar
afastado de qualquer localidade ou castelo.
Para a sua sobrevivência, continham
necessariamente: o moinho, forjas, celeiro e oficinas. A austeridade, o
acetismo, o silêncio e abstinência eram princípios fundamentais e os monges
desta Ordem vestiam hábitos de castanho e tinham barba. Este Mosteiro foi
erguido em nome de S. Bento e de S. Bernardo porque foram os dois
monges fundadores desta Ordem.
A cabeça desta
Ordem em Portugal era o mosteiro de Alcobaça que foi fundado em 1153.
A lenda:
O
mosteiro de Santa Maria de Bouro está envolvido numa lenda. Na ocupação muçulmana do século VIII, dois eremitas presenciaram
várias luzes à noite numa rocha. Foram ver do que se tratava e encontraram uma
bela imagem da Virgem Maria com o seu Menino Jesus ao colo. Para a sua adoração, decidiram
construir uma ermida para albergar a imagem. Este mistério atraiu imensos
peregrinos e foi mais tarde construída uma Abadia e a própria Igreja e Mosteiro
de Santa Maria de Bouro. Em 1162, existia neste local um pequeno grupo de
eremitas, segundo um documento da chancelaria de D. Afonso Henriques. Este
grupo de homens vai agrupar-se segundo a Regra de S. Bento em 1182, e antes do
final do século, este mosteiro vai filiar-se na Ordem de Cister.
Durante a crise de 1383-85 o abade do
mosteiro juntou 600 homens em defesa da fronteira da Portela do Homem,
conseguindo suster o avanço das tropas galegas. Como reconhecimento pelo seu papel D. Nuno Álvares Pereira agraciou
o abade com o título de Capitão-Mor e Guarda das Fronteiras dando-lhe a
prerrogativa de poder levantar exército, sempre que considerasse necessário.
Invocando as suas origens, a
fachada da igreja, sujeita a profundas remodelações, exibe as imagens de São Bernardo e São Bento com a virgem ao centro.
Por sua vez na fachada do
convento que se desenvolve perpendicularmente à igreja, encontram-se entre as
varandas superiores cinco estátuas de personagens importantes na história do
país e do próprio convento, com pequenas inscrições anexas: o conde D. Henrique (supõe-se que o seja apesar de ser
designado ALFONSUS em vez de HENRICUS), D. Afonso Henriques (sob
o reinado do qual foi fundado o mosteiro, diz a inscrição), D. Sebastião (que suprimiu a comenda do
convento), o cardeal D. Henrique (que
fundou a Congregação Autónoma), e D. João IV (o restaurador da monarquia
portuguesa).
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