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quarta-feira, 26 de março de 2014

Na Senda de S. Bento # S. Martinho de Tibães

quinta-feira, 20 de março de 2014

Na Senda de S. Bento # Mosteiro de Santo André de Rendufe

  A história do mosteiro beneditino de Rendufe remonta à época do Conde D. Henrique e, muito embora se desconheça a data da sua fundação, eventualmente devida a Egas Pais de Penegate, é possível que tenha ocorrido pouco antes de 1090, pois em Dezembro desse ano o seu abade figura num julgamento (MATTOSO, 1971, p. 13). De acordo com uma inscrição existente no pavimento, junto ao arco do cruzeiro, a igreja já se encontrava concluída em 1151 (SOUSA, 1979, p. 29). Durante a Idade Média foi um mosteiro bastante rico e com um amplo domínio mas, à semelhança do que aconteceu em boa parte das casas conventuais do nosso país, experimentou um forte abalo em consequência da gestão ruinosa dos abades comendatários e, anteriormente, das questões levantadas entre o mosteiro, o arcebispo e a família patronal dos Vasconcelos (SOUSA, 1979, p. 30). Essas questões conduziram mesmo à sua extinção e pronta restauração, em 1401.

 A grande reforma da primitiva igreja deveu-se à iniciativa (ao que se pensa forçada pelo Arcebispo) do último comendatário - D. Henrique de Sousa (descendente do cardeal Alpedrinha), que em 1551 reedificou o mosteiro. O templo passou, então, a possuir três naves com capelas laterais. Esta campanha de obras permitiu que a igreja se mantivesse até ao século XVIII, não se integrando no conjunto de mosteiros remodelados depois da criação da Congregação beneditina, em 1567.

 Os reflexos do final do regime comendatário fizeram-se sentir ao longo do século XVII, através de várias obras que denunciam um desejo de remodelação e atualização estética, consumado na centúria seguinte. Assim, poderíamos citar, entre as mais significativas, a fachada da portaria, que ostenta a data de 1638, e que segue modelos quinhentistas divulgados no tratado de Sebastião Serlio (SMITH, 1969, pp. 9 e 10). O texto da nave foi forrado por duas vezes, e na sacristia registam-se móveis novos, executados por Agostinho Marques, de Braga, em 1697 (IDEM, p. 5).
É, no entanto, durante o primeiro quartel do século XVIII que se assiste a uma constante atividade construtiva, responsável pela reforma integral da igreja, e demais dependências conventuais, grande parte das quais, infelizmente, desaparecida no incêndio de 1877. A existência de registos periódicos, os chamados Estados de Tibães, permite acompanhar as obras, triénio a triénio. Assim, entre 1716 e 1719 levantou-se a nova igreja, de planta em cruz latina, com nave única coberta por abóbada de berço e dois altares laterais, transepto, altares colaterais e capela-mor de grandes dimensões, num traçado que obedece à generalidade das plantas beneditinas da época (IDEM, p. 12). A fachada, por sua vez, afasta-se dos modelos empregues anteriormente, ao apresentar um portal central, a que se sobrepõem três nichos com as imagens de Santo António, São Bento e Santa Escolástica (as atuais são de época posterior), e três janelas ovais. No interior, o arco da tribuna e a nova abóbada da capela-mor são de 1725-28. A talha foi executada entre 1719 e 1725, e dourada entre 1725 e 1728, continuando depois, em 1752-1755. É de estilo nacional, filiando-se o retábulo da capela-mor no de São Bento da Vitória, no Porto, razão pela qual Roberth Smith atribui a sua autoria ao do entalhador da igreja portuense, Gabriel Rodrigues. Situação semelhante verifica-se ao nível do cadeiral do coro (1722), embora o de Rendufe apresente telas e não relevos. A talha das bancadas da capela-mor pode ser cotejada com a de Tibães (atr. A Frei José António Vilaça) que, tal como a das janelas, é já rococó (IDEM, p. 27).
Por sua vez, a biblioteca foi edificada no triénio de 1716-19, tal como o claustro, do qual apenas subsistem as ruínas com arcadas de capitéis toscanos. O novo dormitório remonta a 1728-31. Uma das últimas obras, mas de grande significado, por obedecer a novas directivas que visavam retirar o Santíssimo Sacramento da capela-mor, foi a edificação da capela do Sacramento, em 1777-80, numa linguagem pombalina. (RC)
 

terça-feira, 18 de março de 2014

Na Senda de S.Bento

Na semana em que decorrerá o Congresso de S. Bento, o Alforge de Viagem percorre os Mosteiros Beneditinos do Norte de Portugal.
 Na Senda de S. Bento é a proposta da TUREL Viagens, para quem quiser conhecer, mais profundamente, o legado beneditino. Junta-te a nós.
Aqui no Alforge a visita começa em Santa Maria de Bouro.

Na Senda de S.Bento # Santa Maria de Bouro

A Igreja e o Mosteiro de Santa Maria de Bouro, erguidos sobre o Antigo Mosteiro de S. Bernardo, foram completamente remodelados sobre a arquitetura barroca no século XVIII.
O antigo Mosteiro de S. Bernardo era uma Abadia Cistercience fundada em 1148. A Ordem de Cister era uma ordem de origem francesa que tinha como finalidade a simplicidade e o puritanismo. Daí que todos os Mosteiros tivessem de ser edificados em locais desertos devido ao respeito e ao silêncio. A escolha do local da construção do mosteiro também foi importante, pois era necessário que a terra fosse fértil e que tivesse água por perto, pois a rígida clausura a que remetiam os monges, fez com que o mosteiro tivesse de ser auto-suficiente. Era indispensável estar afastado de qualquer localidade ou castelo.
 Para a sua sobrevivência, continham necessariamente: o moinho, forjas, celeiro e oficinas. A austeridade, o acetismo, o silêncio e abstinência eram princípios fundamentais e os monges desta Ordem vestiam hábitos de castanho e tinham barba. Este Mosteiro foi erguido em nome de S. Bento e de S. Bernardo porque foram os dois monges fundadores desta Ordem.
A cabeça desta Ordem em Portugal era o mosteiro de Alcobaça que foi fundado em 1153.
A lenda:
O mosteiro de Santa Maria de Bouro está envolvido numa lenda. Na ocupação muçulmana do século VIII, dois eremitas presenciaram várias luzes à noite numa rocha. Foram ver do que se tratava e encontraram uma bela imagem da Virgem Maria com o seu Menino Jesus ao colo. Para a sua adoração, decidiram construir uma ermida para albergar a imagem. Este mistério atraiu imensos peregrinos e foi mais tarde construída uma Abadia e a própria Igreja e Mosteiro de Santa Maria de Bouro. Em 1162, existia neste local um pequeno grupo de eremitas, segundo um documento da chancelaria de D. Afonso Henriques. Este grupo de homens vai agrupar-se segundo a Regra de S. Bento em 1182, e antes do final do século, este mosteiro vai filiar-se na Ordem de Cister.
Durante a crise de 1383-85 o abade do mosteiro juntou 600 homens em defesa da fronteira da Portela do Homem, conseguindo suster o avanço das tropas galegas. Como reconhecimento pelo seu papel D. Nuno Álvares Pereira agraciou o abade com o título de Capitão-Mor e Guarda das Fronteiras dando-lhe a prerrogativa de poder levantar exército, sempre que considerasse necessário.
Invocando as suas origens, a fachada da igreja, sujeita a profundas remodelações, exibe as imagens de São Bernardo e São Bento com a virgem ao centro.
 Por sua vez na fachada do convento que se desenvolve perpendicularmente à igreja, encontram-se entre as varandas superiores cinco estátuas de personagens importantes na história do país e do próprio convento, com pequenas inscrições anexas: o conde D. Henrique (supõe-se que o seja apesar de ser designado ALFONSUS em vez de HENRICUS), D. Afonso Henriques (sob o reinado do qual foi fundado o mosteiro, diz a inscrição), D. Sebastião (que suprimiu a comenda do convento), o cardeal D. Henrique (que fundou a Congregação Autónoma), e D. João IV (o restaurador da monarquia portuguesa).
 No início do século XVIII, foi construído um novo refeitório e cozinha, bem como uma nova ala a oeste do claustro, tendo sido para aí transferido o novo acesso ao mosteiro. Em 1834 com a extinção das ordens religiosas masculinas o mosteiro foi abandonado vindo depois a ser vendido em hasta pública a particulares. Em 1986 parte do mosteiro é adquirida pela Câmara Municipal de Amares (por 200 contos). Em 1989 é apresentado o projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura para adaptação a Pousada das dependências do mosteiro, cujas obras se iniciariam em 1994 sendo a pousada inaugurada em 1997.